domingo, 27 de setembro de 2009

Bye,Bye Brasil - Chico Buarque

Bye, Bye Brasil - Chico Buarque

Oi, coração
Não dá pra falar muito não
Espera passar o avião
Assim que o inverno passar
Eu acho que vou te buscar
Aqui tá fazendo calor
Deu pane no ventilador
Já tem fliperama em Macau
Tomei a costeira em Belém do Pará
Puseram uma usina no mar
Talvez fique ruim pra pescar
Meu amor

No Tocantins
o chefe dos Parintintins
vidrou na minha calça Lee
Eu vi uns patins prá você
Eu vi um Brasil na tevê
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo tão só
Oh! tenha dó de mim
Pintou uma chance legal
um lance lá na capital
Nem tem que ter ginasial
Meu amor

No Tabaris
o som é que nem os Bee Gees
Dancei com uma dona infeliz
que tem um tufão nos quadris
Tem um japonês atrás de mim
Eu vou dar um pulo em Manaus
Aqui tá quarenta e dois graus
O sol nunca mais vai se pôr
Eu tenho saudades da nossa canção
Saudades de roça e sertão
Bom mesmo é ter um caminhão
Meu amor
Baby bye, bye
Abraços na mãe e no pai
Eu acho que vou desligar
As fichas já vão terminar
Eu vou me mandar de trenó
pra Rua do Sol, Maceió
Peguei uma doença em Ilhéus
Mas já estou quase bom
Em março vou pro Ceará
Com a bênção do meu Orixá
Eu acho bauxita por lá
Meu amor


Bye,bye Brasil
A última ficha caiu
Eu penso em vocês night 'n day
Explica que tá tudo OK
Eu só ando dentro da Lei
eu quero voltar podes crer
eu vi um Brasil na TV
Peguei uma doença em Belém
Agora já tá tudo bem
Mas a ligação está no fim
Tem um japonês atrás de mim
Aquela aquarela mudou
Na estrada peguei uma cor
Capaz de cair um toró
estou me sentindo um jiló
Eu tenho tesão é no mar
Assim que o inverno passar
Bateu uma saudade de ti
Estou a fim de encarar um siri
Com a bênção do Nosso Senhor
O sol nunca mais vai se pôr


Madian Queiroga 9° ano B

Roda-viva

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mais eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
No volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração



Essa letra faz parte da famosíssima peça de mesmo nome, escrita em 1967, duruante o período da Ditadura, e que, um ano depois, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, recebeu montagem à altura, no teatro Oficina. Chico Buarque, que até então era "a única unanimidade brasileira", nas palavras de Millôr Fernandes, chocou parte de seu público com a radicalidade crítica e o tom francamente agressivo da peça.


Ana Caroline G Valadares 9°B

Apesar de Você - Chico Buarque

Esta é clássica, é considerada o hino contra ditadura militar!

Chico Buarque - Apesar de Você



Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.
(Coro) Apesar de você
amanhã há de ser outro día.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforía?
Cómo vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.
Você que inventou a tristeza
Agora tenha a fineza
de “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.
(Coro2) Apesar de você
Amanhã há de ser outro día.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não quería.
Você vai se amargar
Vendo o día raiar
Sem lhe pedir licença.
E eu vou morrer de rir
E esse día há de vir
antes do que você pensa.
Apesar de você
(Coro3)Apesar de você
Amanhã há de ser outro día.
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesía.
Cómo vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Cómo vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você
(Coro4)Apesar de você
Amanhã há de ser outro día.
Você vai se dar mal, etecétera e tal,
La, laiá, la laiá, la laiá…….


Bianca Rodrigues 9°B

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Cálice (Cale-se) - Chico Buarque

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...(2x)
Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta
De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançarUm grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado
Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálicePai!
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
De muito gorda
A porca já não anda(Cálice!)
De muito usadaA faca já não corta
Como é difícilPai, abrir a porta(Cálice!)
Essa palavraPresa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...
Pai! Afasta de mim esse cálice Pai!
Afasta de mim esse cálice Pai!
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Talvez o mundo
Não seja pequeno(Cálice!)
Nem seja a vidaUm fato consumado(Cálice!)
Quero inventar
O meu próprio pecado(Cálice!)
Quero morrerDo meu próprio veneno(Pai! Cálice!)
Quero perder de vez
Tua cabeça(Cálice!)
Minha cabeçaPerder teu juízo(Cálice!)
Quero cheirar fumaçaDe óleo diesel(Cálice!)
Me embriagar
Até que alguém me esqueça(Cálice!)

Por Madian Queiroga 9º B